“No momento certo, a Floresta te chama, você só precisa atender ao chamado”: esta foi a frase que mais me marcou na Amazen. Hoje percebo que faz todo o sentido, pois a vivência já começa antes mesmo de começar!
Meu nome é Lívia Miranda, sou jornalista, nascida no Norte do Brasil e participei da Amazen em junho de 2022. Após a vivência recebi o convite de escrever sobre minha experiência na Amazônia e colaborar com o site da Amazen. Espero que gostem do meu relato e sintam brotar no coração o desejo de viver a própria jornada de vocês pela Floresta na próxima edição.
A Floresta atrai as pessoas certas
Nas rodas de conversa com os participantes era possível ver que todos tinham sido atraídos por um ímã para aquela viagem, cheia de coincidências e empurrõezinhos do acaso. O mesmo aconteceu comigo.
A primeira vez que ouvi falar dessa experiência foi em 2020, quando passei o Carnaval em Manaus. Queria aproveitar o feriado desafiando alguns limites pessoais, fazendo trilhas e visitando cachoeiras. Foi então que ouvi falar sobre turismo com base comunitária, hotéis de selva que ofereciam uma experiência ribeirinha mais autêntica e da Amazen, uma vivência de imersão na Floresta.
Fiquei encantada com as fotos da Caboclos House Ecolodge, onde acontece o evento. Chalés coloridos em palafitas sobre as águas, cercados pela selva. E a proposta da Amazen parecia se encaixar perfeitamente com o que eu buscava naquele momento em minha vida.
Estava desenvolvendo minha espiritualidade, ampliando minhas crenças e buscando formas de me reconectar comigo mesma. Ainda era março e eu já estava planejando voltar ao Amazonas no fim do ano, afinal, até lá já teria acabado a quarentena, certo?
Errado. A pandemia chegou. Todas as viagens que tinha em mente foram canceladas. As prioridades mudaram. E nos dois anos seguintes eu esqueci completamente desses planos. A espiritualidade já não estava mais em dia e nem sabia mais o que era meditar.
O Universo é um mestre piadista
A última coisa que eu queria era algo “zen” e que me fizesse ter contato com minha essência. Então um amigo fotógrafo pediu indicações de onde poderia vivenciar uma experiência real na Amazônia, que realmente mostrasse a vida ribeirinha. Citei dezenas de hotéis, referências, mas insisti que a Caboclos era a melhor opção. Foi o único contato que realmente deu certo, mas teria que ser na data de um evento específico. Então ele me perguntou se eu sabia do que se tratava. Fui pesquisar: Amazen!
Totalmente fora dos meus planos. Passei dias me perguntando se deveria ir ou não. Eu definitivamente não estava animada. Mas achei curiosa a coincidência, poderia ser uma oportunidade única, então topei. Foi uma correria sem fim e eu não tinha ideia do que esperar.
Fiquei me perguntando o que faria ali e se conseguiria mesmo aproveitar. Estava tão fechada para conhecer gente nova. E se eu quisesse ir embora? Como fugir de um lugar no meio da selva? Um dia antes comecei a chorar absurdamente sem entender a razão. Parecia que uma geleira interna estava derretendo.
E, novamente, durante as rodas de conversa pude perceber que muita gente estava vivendo os mesmos processos que eu. Alguns tinham mais clareza do que haviam ido buscar lá, outros menos, a maioria foi surpreendida com aprendizados que nem sabiam que precisavam.
Vulnerabilidade e o poder da energia feminina
Quando nos dispomos a ouvir e aprender, os mínimos detalhes falam conosco. Para mim, o simples gesto de me ajudarem a entrar e sair do barco teve um impacto gigantesco na minha alma que tem tanta dificuldade em receber. Fiquei emocionada com a valorização da ancestralidade e o ato de passar de uma geração para a outra os conhecimentos, hábitos e rituais, que também recebemos em forma de oficinas.
Em uma vivência como a Amazen aprendemos a fluir e passamos a compreender que não temos controle sobre a natureza. Somos guiados pela Floresta, seus ciclos, chuvas, vamos aonde ela permite e comemos do que ela oferece naquele momento. Por lá, temos que encarar os medos, descobrir novas habilidades, expor algumas fraquezas e revisar tudo que achávamos que sabíamos.
Por isso, o que mais aprendi foi sobre ser vulnerável e deixar a energia feminina fluir.
Pude observar que tanto as atividades que participei, quanto as que decidi não participar falaram comigo. Voltei para casa sentindo que estava viva e que havia acordado do piloto automático em que nos colocamos ao longo da vida. E para você, o que a Floresta quer dizer?