Oficina de Cerâmica: um gostinho dessa arte milenar, no coração da Amazônia

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Você deve ter notado em suas redes sociais um aumento enorme de pessoas realizando (e postando) trabalhos manuais nos últimos anos. Uma amiga começou a fazer bordado, outra virou especialista em pães artesanais e muitos começaram a fazer cerâmica.

A busca por atividades manuais ganhou força no período de pandemia, como uma alternativa para manter a mente saudável durante o confinamento. E os benefícios são tantos que a maioria manteve o hábito. Até mesmo celebridades descobriram nestas atividades milenares o alívio para a ansiedade.

Benefícios da Cerâmica

Colher e amassar o barro, formar e decorar uma peça de cerâmica com suas próprias mãos têm efeito terapêutico. A atividade acalma, revitaliza e eleva a autoestima. Pesquisas recentes têm apontado que trabalhar com cerâmica pode reduzir o estresse, aumentar a espontaneidade, o otimismo e evitar o surgimento de artrites, já que o trabalho com as mãos fortalece as articulações.

Trabalhar com a argila também pode colaborar com o aumento da concentração e promover a sociabilidade. Ativa no indivíduo diversos sentidos ao mesmo tempo!

De onde vem essa tradição

Fazer peças de cerâmica é um hábito quase tão antigo quanto a humanidade. Alguns dos mais antigos foram encontrados na Mesopotâmia, mas toda escavação arqueológica encontra dezenas de artefatos produzidos a partir do barro queimado. São jarros, tábuas para anotações, objetos de decoração, comprovando que a cerâmica acompanhou toda nossa jornada pela terra.

No Brasil, a região Norte tem as peças mais antigas, encontradas em solo amazônico, na Ilha de Marajó. Os desenhos típicos da região se tornaram populares e caracterizam a cerâmica marajoara feita até os dias de hoje.

A prática de transformar o barro da beira dos rios em utensílios e decoração também é muito forte no Amazonas, tanto entre indígenas quanto entre os caboclos que moram em comunidades ribeirinhas.

Como participar de uma Oficina de Cerâmica na Amazônia

Durante a vivência Amazen, uma viagem de imersão ribeirinha e conexão ecológica na Amazônia, os viajantes têm a oportunidade de participar de grande parte do processo da cerâmica primitiva, desde amassar o barro com os pés, colhê-lo e prepará-lo, até manusear a argila e a transformar com suas mãos.

A oficina é conduzida pela equipe ribeirinha da Caboclos House Ecolodge, pousada de selva onde a Amazen acontece. A Caboclos é uma pousada local e familiar, e todas nossas experiências são acompanhadas por essa família, em uma sensível e potente troca viajante-anfitrião.

Aqui o foco é a cerâmica primitiva, por isso não espere uma aula de esmaltação ou aprender a fazer queima. A queima, por sinal, não é feita durante a Amazen, pois não temos tempo suficiente para esperar as peças secarem e depois queimá-las no forno. O objetivo desta oficina de cerâmica é te conectar com a terra, literalmente, fugindo das técnicas complexas e ativando saberes intuitivos.

Da colheita do barro à entrega para a natureza

Com os pés, os viajantes tornam o solo amazônico em material maleável para ser moldado. Além de momentos divertidos com o grupo, pisar nessa argila é extremamente relaxante. A prática ajuda a aterrar e descarregar todas as energias e sentimentos guardados ao longo de muitos dias – ou quem sabe anos.

O barro então é recolhido para ser moldado com as mãos. Durante essa imersão, é interessante observar quais emoções são despertadas. Ao amassar a argila você está se divertindo, como quando brincava de massinha nos tempos da escola? Ou vem uma certa agonia por causa da textura? Será que essa “sujeira” te irrita? Ou quem sabe uma raiva desconhecida aparece do nada?

O que era só uma ideia se torna uma peça concreta, visível. É um trabalho que te enche de orgulho? Tem vontade de decorar com carinho? Todos os processos e rituais que ocorrem ao longo da vivência despertam sentimentos profundos e a própria natureza se encarrega de aliviar a alma. No fim, amassamos e moldamos nossas próprias emoções e nós mesmas nos transformamos em algo belo.

Depois de prontas, deixamos todas as artes que cada um fez expostas. E na nossa última manhã na pousada de selva, fazemos um ritual de desapego, onde devolvemos nossas pecinhas para a natureza, cada uma no seu tempo, do seu jeito, com suas próprias crenças e espiritualidade.

O que mais acontece na Amazen?

Além da vivência com a argila, a Amazen nos possibilita viver muitas outras experiências. A Amazen é uma vivência na Amazônia. Sabe o que isso significa? Que nossa missão é te possibilitar vivenciar a realidade da Floresta – e a partir disso, se conectar com sua natureza interior.

Nos conectamos com a Floresta por meio de navegação pelos igarapés, trilha sensorial e meditativa na mata e momentos livres na natureza.

Imergimos na cultura ribeirinha por meio de fazeres artesanais, preparando nosso xarope com ervas medicinais, manuseando a argila em uma oficina de cerâmica e dançando a vida sob o ritmo carimbó.

Resgatamos nossa ancestralidade por meio de rodas de partilha e aprendendo sobre a história de vida daqueles que sempre viveram na Amazônia.

Para participar dessa e outras experiências na Amazônia, é só clicar aqui.

Lívia Miranda

Sou nascida no Norte do Brasil e participei da Amazen em junho de 2022. Após a vivência, recebi o convite para escrever sobre minha experiência e colaborar com o site da Amazen. Sou jornalista com hiperfoco em viagens, idiomas e hábitos de outros povos. Recentemente descobri que sou autista e TDAH, pois é, os dois, e hoje escrevo sobre autismo e viagens no Instagram (@liviaturistea).